terça-feira, 8 de julho de 2008

Onde o sol nasce primeiro



(Leandro) Estamos em João Pessoa, capital da Paraíba, município localizado no extremo oriente das Américas. Hospedamo-nos num ótimo hotel na praia de Tambaú, ideal para o grupo respirar aliviado depois de dias conturbados. A cidade é muito bonita, clima agradabilíssimo e grande parte do patrimônio histórico preservado. A sensação de ‘acolhimento’ foi imediata.

João Pessoa é tida como a terceira cidade mais antiga do Brasil, fundada em 1585. Fizemos o concerto no maravilhoso teatro Santa Roza, situado no centro antigo da cidade. A teatro estava lotadíssimo! Pessoas sentadas em todo o corredor e camarotes disputadíssimos. A Orquestra entrou no palco com vontade de fazer um concerto memorável. A cidade abriga uma das melhores orquestras do Brasil, a Orquestra Sinfônica da Paraíba, um bom curso de graduação em música na UFPB, e muitos grupos de câmara, como o Brassil e o Quinteto de Cordas da Paraíba, que são referência no Brasil e exterior. E não deu outra!

O calor do público contagiou imediatamente a Orquestra. O nível de concentração estava altíssimo (apesar do cansaço de 70 dias de viagem!) e a performance foi ótima. Um dos melhores concertos de todo o Sonora! Surpresa depois da apresentação ao rever amigos queridos como o maestro Luis Carlos Durier e o trombonista Radegundis Feitosa. Fui apresentado também a vários músicos da OSPB, com os quais terei a honra de trabalhar em setembro como maestro convidado. Uma noite inesquecível!

João Pessoa (PB) - Praia de Tambaú

João Pessoa (PB) - Teatro Santa Roza

Crato (CE)

(Leandro) Escrever neste Blog tem-se tornado uma prática diária. O tempo exíguo que nos resta é sempre dedicado a organizar fotos e relatar os últimos acontecimentos. Quando não sobra tempo, acumulam-se emoções. As cidades vão se sobrepondo e as informações se fundindo em nosso imaginário. Tivemos pouco tempo depois de Juazeiro e Crato e, neste momento, depois de termos vivido fortes emoções em João Pessoa, retorno ao concerto de Crato para lembrar um encontro memorável com a Cia. Carroça de Mamulengos.

Conhecemos os artistas Beto, Maria e Antônio depois do concerto de Juazeiro. Fiquei muito impressionado com o que ouvi e com a energia que senti através dos olhares trocados. Eles são de uma família de artistas; pai, mãe, filhos e agregados escolheram Juazeiro pelo riqueza cultural. Poderiam se fixar em qualquer lugar (eles um ônibus-casa que dá liberdade para ir e vir). De lá, fazem arte para o mundo. Já participaram do ‘Palco Giratório’ e estão sempre envolvidos com projetos de itinerância. Vivem a tradição da cultura popular brasileira com plenitude. Os filhos mais novos não vão à escola tradicional. São ensinados, com disciplina e seriedade, pelos mais velhos. Todos os anos fazem provas nas escolas da rede pública para ‘validar’ o conhecimento adquirido (caso queiram, no futuro, cursar uma faculdade). Convidei-os para ‘abrir’ o concerto da Orquestra e tocar uma música conosco no final do concerto.

Antes do concerto, fizemos um ensaio relâmpago (apenas Luciano, Maria, Beto e eu). A idéia foi fazer o ‘Canto do Pagé’ de Villa-Lobos em ritmo de baião, com improvisos do Beto. Com a Orquestra posicionada, o trio apresentou 3 peças de autoria do próprio Beto. Foi demais! Todos emocionaram-se com a música que vinha da cumplicidade dos jovens artistas. O ‘Canto do Pagé’ funcionou muito bem e o público ‘veio a baixo’. Valeu! Um dos momentos mais especiais vividos até agora. Obrigado a Cia. Carroça de Mamulengos. Desejamos muito sucesso à vocês e que a chama mais pura e verdadeira do ‘fazer artístico’ possa continuar viva no coração do grupo, incendiando mentes e corações mundo afora.

Crato (CE) - Teatro Municipal Salviano Arraes

Cia. Carroça de Mamulengos





Confraternização

Orquestra e Cia. Carroça de Mamulengos

William Isaac arrisca-se com a rabeca