Isso é que é um naipe de prestígio... :-) (Zevang em Araripina-PE)
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Nos cafundó de Bodocó
Nas caatingas do meu chão
Se esconde a sorte cega
Não se vê e nem se pega
Por acaso ou precisão.
Mas eu sei que ela existe
Pois foi velha companheira
Do famoso Lampião
Nos cafundó
De Bodocó, de Bodocó, de Bodocó
Nos cafundó
De Bodocó, de Bodocó, de Bodocó
Nas veredas corre o azar
Sem deixar rastro no chão
Nas quebradas caem as folhas
Fazendo a decoração.
Chora o vento quando passa
Nas galhas do aveloz
Chora o sapo sem lagoa
Todos em uma só voz.
Chora toda a natureza
Na esperança, na incerteza
De Jesus olhar pra nós
Nos cafundó
De Bodocó, de Bodocó, de Bodocó
Nos cafundó
De Bodocó, de Bodocó, de Bodocó
Nos Cafundó de Bodocó de Jurandy da Feira
(Leandro) Dizer que Bodocó foi o lugar mais distante onde tocamos já não diz nada. Longe do quê? Depois de mais de 90 dias viajando, nossas referências mudaram. As pessoas vivem em suas comunidades e lá tem o mundo. Não sentem vontade de viver em grandes centros. Lembro do André, do Sesc Triunfo, dizendo ‘aqui é minha terra. Eu gosto daqui’. E tantos outros que surpreendem-se com nossas indagações. Ontem estava uma noite linda, com lua cheia, céu limpo e estrelado. A vida corria serena. Algumas pessoas passeavam na praça em frente a Igreja de São Francisco de Assis, onde nos apresentaríamos, e outros assistiam o futebol de salão.
As pessoas sempre dizem ‘é um privilégio tê-los aqui’. Ontem senti o contrário. Foi bom poder levar a música de Villa-Lobos para Bodocó, para brasileiros como todos os outros. Por alguma razão difícil de explicar, me senti muito mais privilegiado que todos. Foi bonito ver as pessoas chegando, as famílias, as crianças, todos de banho tomado, bem vestidos, prontos para um momento especial.
Pau de Arara
Estamos vizinhos ao local onde nasceu o Rei do Baião. Bodocó está localizada no Sertão do Araripe e faz divisa com Exú, terra de Luiz Gonzaga. Está a 650 km do Recife. Expresso aqui minha admiração por este grande compositor.
Pau de Arara (Luiz Gonzaga e Guio de Moraes)
Quando eu vim do sertão,
seu môço, do meu Bodocó,
a malota era um saco
e o cadeado era um nó.
Só trazia a coragem e a cara,
viajando num pau-de-arara,
eu penei, mas aqui cheguei.
Trouxe um triângulo, no matolão
Trouxe um gonguê, no matolão
Trouxe um zabumba dentro do matolão.
Xote, maracatu e baião,
Tudo isso eu trouxe no meu matolão.
IGREJA DE SÃO FRANCISCO - BODOCÓ (PE)
Se esconde a sorte cega
Não se vê e nem se pega
Por acaso ou precisão.
Mas eu sei que ela existe
Pois foi velha companheira
Do famoso Lampião
Nos cafundó
De Bodocó, de Bodocó, de Bodocó
Nos cafundó
De Bodocó, de Bodocó, de Bodocó
Nas veredas corre o azar
Sem deixar rastro no chão
Nas quebradas caem as folhas
Fazendo a decoração.
Chora o vento quando passa
Nas galhas do aveloz
Chora o sapo sem lagoa
Todos em uma só voz.
Chora toda a natureza
Na esperança, na incerteza
De Jesus olhar pra nós
Nos cafundó
De Bodocó, de Bodocó, de Bodocó
Nos cafundó
De Bodocó, de Bodocó, de Bodocó
Nos Cafundó de Bodocó de Jurandy da Feira
(Leandro) Dizer que Bodocó foi o lugar mais distante onde tocamos já não diz nada. Longe do quê? Depois de mais de 90 dias viajando, nossas referências mudaram. As pessoas vivem em suas comunidades e lá tem o mundo. Não sentem vontade de viver em grandes centros. Lembro do André, do Sesc Triunfo, dizendo ‘aqui é minha terra. Eu gosto daqui’. E tantos outros que surpreendem-se com nossas indagações. Ontem estava uma noite linda, com lua cheia, céu limpo e estrelado. A vida corria serena. Algumas pessoas passeavam na praça em frente a Igreja de São Francisco de Assis, onde nos apresentaríamos, e outros assistiam o futebol de salão.
As pessoas sempre dizem ‘é um privilégio tê-los aqui’. Ontem senti o contrário. Foi bom poder levar a música de Villa-Lobos para Bodocó, para brasileiros como todos os outros. Por alguma razão difícil de explicar, me senti muito mais privilegiado que todos. Foi bonito ver as pessoas chegando, as famílias, as crianças, todos de banho tomado, bem vestidos, prontos para um momento especial.
Pau de Arara
Estamos vizinhos ao local onde nasceu o Rei do Baião. Bodocó está localizada no Sertão do Araripe e faz divisa com Exú, terra de Luiz Gonzaga. Está a 650 km do Recife. Expresso aqui minha admiração por este grande compositor.
Pau de Arara (Luiz Gonzaga e Guio de Moraes)
Quando eu vim do sertão,
seu môço, do meu Bodocó,
a malota era um saco
e o cadeado era um nó.
Só trazia a coragem e a cara,
viajando num pau-de-arara,
eu penei, mas aqui cheguei.
Trouxe um triângulo, no matolão
Trouxe um gonguê, no matolão
Trouxe um zabumba dentro do matolão.
Xote, maracatu e baião,
Tudo isso eu trouxe no meu matolão.
IGREJA DE SÃO FRANCISCO - BODOCÓ (PE)
Buique e Triunfo (PE)
(Leandro) Ficamos hospedados mais um dia em Arcoverde. O concerto seguinte seria em Buique, munícipio bem próximo, que não justificaria uma troca de hotel (creio que nem haveria esta possibilidade). Fomos muito bem recebidos pela Naruna, técnica do Sesc, que fez o melhor discurso de abertura de concerto de todo o Sonora Brasil (opinão de muitos de nós). Falou bem, com desenvoltura, e contextualizou a participação da Orquestra de uma maneira muito especial. A igreja lotada animou a Orquestra. O concerto foi ótimo e conhecemos muitas pessoas interessantes depois. Os meninos do grupo “Bate-lata” chamaram a atenção: o grupo foi criado, e é ‘gerido’, por um menino de 12 anos! É ele quem marca os ensaios, define o repertório, promove o grupo e ‘vende’ apresentações na cidade. Impressionante! Todo o grupo foi nos prestigiar (ver foto abaixo).
Depois de Buique, viajamos para Triunfo. Chegamos no meio do “50 Festival do Estudante”. O inverno e a intensa programação cultural atrai pessoas de toda a região. Ariano Suassuna acabara de fazer uma aula-espetáculo (deixou o hotel no Sesc na mesma manhã que chegamos ... pena) no dia anterior. Como teríamos um dia de descanso (depois de mais de 15 dias fazendo concerto todos os dias), fomos atrás dos grupos que se apresentariam no sábado. Para minha alegria, soube que o grande bandolinista, e amigo querido, Marco César estava na cidade com sua Orquestra Pernambucana de Choro. Descemos todos para o centro da cidade para prestigiá-los. Reencontrei outro grande amigo, Bozó, um dos melhores 7 cordas do Brasil. A apresentação estava marcada para as 21h, mas começou meia noite. A sonorização estava lamentável e prejudicou muito o grupo. Enfim, tentamos abstrair o som que vinha das caixas e os bêbados que atormentavam a cidade.
Conheci também o André, que trabalha no Sesc Triunfo, e tem muitos dos meus CDs! Ele também me apresentou a vários amigos da cidade que também acompanham meu trabalho há mais de 10 anos. Chegaram a assistir os concertos que fiz no Recife, naquela época. Muito gratificante saber que as pessoas gostam, ouvem sempre os CDs, e acompanham meu trabalho. Vou enviar o DVD da Orquestra do Estado de Mato Grosso para eles.
O dia de descanso no Sesc Triunfo foi fundamental. O Hotel é lindo, fica no alto do morro, e está conectado com o centro de Triunfo através de um teleférico. O restaurante também é excelente! Hoje, depois do almoço, seguimos para Bodocó. Mais 4 horas de viagem.
Depois de Buique, viajamos para Triunfo. Chegamos no meio do “50 Festival do Estudante”. O inverno e a intensa programação cultural atrai pessoas de toda a região. Ariano Suassuna acabara de fazer uma aula-espetáculo (deixou o hotel no Sesc na mesma manhã que chegamos ... pena) no dia anterior. Como teríamos um dia de descanso (depois de mais de 15 dias fazendo concerto todos os dias), fomos atrás dos grupos que se apresentariam no sábado. Para minha alegria, soube que o grande bandolinista, e amigo querido, Marco César estava na cidade com sua Orquestra Pernambucana de Choro. Descemos todos para o centro da cidade para prestigiá-los. Reencontrei outro grande amigo, Bozó, um dos melhores 7 cordas do Brasil. A apresentação estava marcada para as 21h, mas começou meia noite. A sonorização estava lamentável e prejudicou muito o grupo. Enfim, tentamos abstrair o som que vinha das caixas e os bêbados que atormentavam a cidade.
Conheci também o André, que trabalha no Sesc Triunfo, e tem muitos dos meus CDs! Ele também me apresentou a vários amigos da cidade que também acompanham meu trabalho há mais de 10 anos. Chegaram a assistir os concertos que fiz no Recife, naquela época. Muito gratificante saber que as pessoas gostam, ouvem sempre os CDs, e acompanham meu trabalho. Vou enviar o DVD da Orquestra do Estado de Mato Grosso para eles.
O dia de descanso no Sesc Triunfo foi fundamental. O Hotel é lindo, fica no alto do morro, e está conectado com o centro de Triunfo através de um teleférico. O restaurante também é excelente! Hoje, depois do almoço, seguimos para Bodocó. Mais 4 horas de viagem.
TRIUNFO - PE
Apesar de não ter tido nem tempo nem cabeça pra comentar nada por aqui nesses últimos tempos, volto hoje com força (quase) total, muita vontade, e mais renovada que nunca!
Estávamos em Triunfo-PE, e tivemos o sábado como nosso único dia de descanso (desde o início da turnê em 28 de abril!), daqueles dias em que não precisamos fazer absolutamente nada: nem viajar, nem tocar!
Que maravilha!!! - é o que diz Alice.
Tocamos sexta-feira à noite, na Igreja Matriz de Triunfo (belíssima construção!), para um público bastante caloroso.
Fiquei bastante surpresa com o friozinho que nos recebeu lá. Não imaginava que havia um lugar com uma neblina e uma chuvinha dessas em Pernanbuco!
E que cidade linda, Triunfo! Adorei esse lugar!
Uma gracinha, cheia de encantos e muita cultura!
Um belo lago no centro da cidade completa a paisagem urbana entre serras.
Aproveitei e andei no teleférico (que liga o Hotel do Centro de Lazer do Sesc ao centro da cidade), e passeei pelas ruas recheadas de casarões, sobrados, igrejas - um verdadeiro patrimônio arquitetônico, e tudo isso ao som de um carro que derramava um "maracatu encantado" aos meus ouvidos paulistanos!
Fiquei sabendo ainda que na região rural há diversos atrativos turísticos como cachoeiras, mirantes naturais, e o Pico do Papagaio, a 1260m de altitude - o ponto mais alto de Pernanbuco.
Sem dúvida um lugar que merece o olhar atento e cuidadoso de seu visitante!
E como se não bastasse, a cidade tem uma importância histórica enorme, tendo servido de abrigo ao bando de cangaceiros de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Visitei ainda o Museu do Cangaço, um dos únicos em PE dedicados a esse fenômeno histórico. Lá eles conservam armas, roupas, e objetos diversos utilizados pelos cangaceiros durante a existência de Lampião.
Que surpresa maravilhosa, Triunfo! Respirei cultura, folclore e beleza em um dia que me marcou profundamente!
Voltarei no Carnaval, com certeza, e pularei com os Caretas! Rs!
E, lá, já estarei com o meu gurizinho recém-nascido nos braços, que conhecendo bem a mãe e o pai que tem, será tal qual um folião muito do esperto! Rs!
Abraços "grávidos" de cultura e alegria!!!
"No Universo da Cultura o Centro está em toda parte" - Miguel Reale
Alice Beviláqua
Assinar:
Postagens (Atom)