sábado, 31 de maio de 2008

Отговор! Feedback... ou impressões e devaneios!


(Fernando) Passados pouco mais de um mês em turnê, resolvi fazer o meu feedback (ou payback para outros), a cerca dos fatos que nos rodearam todo este tempo viajando pelo país.

Resumindo toda a experiência que juntei até o momento, diria que de um lado, venho conhecendo um pouco mais sobre cada pessoa com quem trabalho todos os dias, do outro, venho conhecendo de uma maneira muito especial cada lugar e cultura das regiões pelas quais passamos.

Viajar com um grupo grande sempre traz alguns infortúnios, mas a gente aprende com o tempo que sempre podemos tornar os fatos a nosso favor, e transformá-los em experiências para o auto aprendizado!

Até agora, diria que entre meus colegas de trabalho alguns realmente marcarão minha vida de alguma forma! Primeiro o próprio maestro Leandro, que apesar de jovem, é o cara mais visionário com quem pude ter contato até o momento, não é puxa saquismo, mas para mim, se depender dele, nossa orquestra vai looooooonge! O segundo, eu citaria o nosso flautista “zevang”. O cara tem uma cultura geral admirável (bobo de quem não sabe aproveitar disto!). Tem também o João, talvez a pessoa com quem mais me identifico profissionalmente. O cara é super de boa, sempre na dele, mas que no final, entende paca do que faz (como diria Nietzsche “quem tiver ouvidos que ouça”)! A Alice, super introspectiva e amiga, a camilinha, a violista com o timbre mais encantador que conheço, o caduzinho, fuma pra caraca, mas fora isto, e o fato de sempre acordar de mal humor, esta sempre de boa! O pedrão, é o cara mais bem humorado que conheço (imita o Silvio Santos que é uma beleza!), O Ricardo, oboista pentelho paca, o carlão, o que dá os foras mais divertidos (ele literalmente acaba com a pessoa... hahahaha.), o Jorge, o meu eficiente e competente companheiro de estante, além do David, o inglês mais brasileiro que já conheci!

Como sempre dizia minha professora: “o maior dos talentos é o caráter”, e para mim, são estas as pessoas que mais demonstraram esta rara qualidade, e se tornaram, em meu ponto de vista, muito mais do que meros profissionais, mas grandes humanistas, que realizam com grande paixão o ofício das artes, não como um mero capricho, mas com uma responsabilidade social espantosa!

Companheiros a parte, no plano da viagem em si, me considero uma das pessoas de muita sorte, e poder estar participando deste projeto maravilhoso que é o“Sonora Brasil!

Plantei durante anos o desejo enorme de digerir toda a tradição clássica européia, e por ironia (ou não?), depois de viver cinco anos no leste europeu, em um universo completamente diverso à nossa cultura, numa língua estranha, numa visão de mundo estranha, e acima de tudo, numa maneira de enxergar a arte completamente diversa à nossa, percebi que, no final, conhecia muito mais a arte estrangeira do que a nossa própria arte – conhecia muito mais a cultura européia do que a nossa própria cultura. É certo que colhi os frutos de todos os esforços despedidos no passado, não estou “cuspindo no prato que comi”, mas para mim, o “Sonora Brasil” não é apenas uma oportunidade de mostrar o nosso trabalho em torno da obra de Villa-Lobos, mas em especial, de completar a lacuna que me faltava para conhecer realmente a rica e heterogenia “brasiliandade”.

Passados por quase todo o interior de Santa Catarina, e grande parte do Paraná, venho descobrindo a cada dia um Brasil muito diferente do qual tinha idéia. Não só na paisagem natural, nas belíssimas matas de Araucárias, como também na organização social de cada pequena e grande cidade destes dois estados.

Confesso que apesar de acostumado ao inverno do leste europeu (que às vezes beirava os -15º) passei um bocado com o frio do interior de Santa Catarina e do Paraná. Nunca imaginei que fosse algum dia usar o aquecimento nos quartos dos hotéis aqui no Brasil!

Nas pessoas, o que mais me surpreendeu mesmo foi o carisma, o interesse, e a cordialidade do público em cada concerto. Lotaram as salas em 95% das apresentações, e participaram, em cada uma delas, com muito entusiasmo.

Para mim foi muito gratificante esta participação ativa do e me fez repensar certos pontos que assolavam a minha memória até então!

Certa vez, ainda quando estudava fora, vi uma notícia que correra sobre o Brasil na Europa, e que me deixou um pouco chateado. O artigo discorria sobre um fato que ocorreu num concurso internacional em São Paulo, e nele a imprensa criticava veementemente a cultura brasileira na música de concerto, finalizando com uma chocante frase que em sua essência afirmava que o Brasil é apenas uma potência na MPB. Hoje, após toda a experiência do“Sonora” em Santa Catarina e no Paraná, poderia dizer que o insucesso da música de concerto no Brasil não é uma falha cultural do povo, mas um desleixo político! O público é sedento de novas produções, o que falta é um direcionamento mais objetivo do fato!

Enfim, espero que para o resto da turnê, para os dois meses que ainda nos restam pela frente, e ainda mais a longo prazo, para as gerações seguintes, o “Sonora Brasil” venha mudar o ponto de vista do público a cerca da música, assim como a nossa, músicos e artistas, a cerca da cultura brasileira em geral.

Abraço a todos

(PS: vou deixar uma frasezinha para os meus amigos búlgaros que também estão acompanhando o blog – ou melhor, tentando acompanhar! Eles não entendem nada de português, então só ficam olhando as fotos mesmo! hahahaha

Хайде мацка, реших да ти направя кумплимент и да пиша на булгарский!! Всичко добро за теб, надиавам се че ще се видим скоро! целувки)

Curitiba (PR)

Ai estão duas fotos do primeiro concerto do roteiro paranaense, realizado no teatro do Grupo Positivo, em Curitiba. Antes tarde, do que ..... O sucesso deste concerto foi muito importante para a Orquestra 'adentrar' o Paraná com o ânimo 'lá em cima'!



Um teatro em cada município brasileiro!

(Leandro) Os últimos dois concertos, em Campo Mourão e Paranavaí, foram realmente especiais. Teatros lotados, público receptivo, entusiasmado e perfeita organização por parte das unidades locais do Sesc. Desta forma, a Orquestra ‘rende’ muito e pode oferecer para o público um concerto de alto nível técnico e artístico.

Fiquei impressionado com a iniciativa da Prefeitura de Paranavaí. Há quatro anos, construíram um teatro belíssimo numa das principais praças do centro da cidade. Utilizaram recursos próprios e tiveram apoio do Governo do Estado do PR e de alguns parlamentares, através de emendas individuais. Como eu gostaria que os prefeitos de todo o Brasil percebem os enormes benefícios que um bom teatro traz para a cidade! Paranavaí é a prova de que é possível. O município não precisa ser grande (a cidade tem 80 mil habitantes), nem ter uma enorme arredação tributária. Basta visão, grandeza de caráter e espírito público. O teatro acaba virando uma estrutura ‘multiuso’, com biblioteca e áreas de convivência. É um investimento em educação e desenvolvimento humano. Depois de pronto, este equipamento pode ser administrado de diversas formas. De acordo com a competência de cada gestor, pode-se criar uma estrutura auto-sustentável, dinâmica, que agregue valor e busque parcerias, como no caso de Paranavaí e Campo Mourão, onde a parceria entre poder público e Sesc viabiliza muitos espetáculos e outras iniciativas que enriquece a vida da população.

Podemos seguir este exemplo em Mato Grosso e construir centros culturais, com teatros de 500 lugares, biblioteca, área central para exposições de artes plásticas e área de lazer, através de parcerias entre Governo do Estado, prefeituras, mecanismos de incentivo fiscal (como a Lei Rouanet), investimento direto de empresas privadas com áreas de negócio no local e uma colaboração extra dos parlamentares mato-grossenses através de emendas individuais ou de bancada. Poderíamos desenvolver um único projeto que incluísse a contrução de dez centros culturais em dez pólos regionais, visando o ‘barateamento’ da compra de materiais. Há alguns anos, cheguei a desenvolver este projeto, prevendo inclusive a criação de ‘consórcios’ administrativos que envolvessem gestores dos municípios que seriam beneficiados pela construção de cada centro cultural. Os estudos preliminares mostraram que o custo-beneficio é extraordinário e que está, de fato, ao alcance da realidade da arredação dos municípios mais desenvolvidos de Mato Grosso. Infelizmente, por motivos que não cabe comentar aqui, o projeto ficou para trás. Eu mesmo ‘deixei pra lá’. Fiz isso quando ainda tinha algumas ‘ilusões’ com relação à administração pública. No entanto, a visita a Paranavaí e Campo Mourão reacenderam este sonho e posso ver que Mato Grosso seria muito beneficiado se um projeto desta natureza fosse executado. Quem sabe? As eleições municipais estão aí. Vamos atentar para as propostas dos candidatos com relação à educação e cultura.

Paranavaí (PR) Teatro Municipal





Paranavaí aplaude a Orquestra em pé

Paranavaí






Yesterdays concert was one of our best efforts and was helped by the lovely theatre. Great acoustics and a full house, an appreciative audience and an orchestra well rested. Tomorrow its a very cold Rio Grande do Sul to contend with! Here are some piccies to look at.