(Fernando) Passados pouco mais de um mês em turnê, resolvi fazer o meu feedback (ou payback para outros), a cerca dos fatos que nos rodearam todo este tempo viajando pelo país.
Resumindo toda a experiência que juntei até o momento, diria que de um lado, venho conhecendo um pouco mais sobre cada pessoa com quem trabalho todos os dias, do outro, venho conhecendo de uma maneira muito especial cada lugar e cultura das regiões pelas quais passamos.
Viajar com um grupo grande sempre traz alguns infortúnios, mas a gente aprende com o tempo que sempre podemos tornar os fatos a nosso favor, e transformá-los em experiências para o auto aprendizado!
Até agora, diria que entre meus colegas de trabalho alguns realmente marcarão minha vida de alguma forma! Primeiro o próprio maestro Leandro, que apesar de jovem, é o cara mais visionário com quem pude ter contato até o momento, não é puxa saquismo, mas para mim, se depender dele, nossa orquestra vai looooooonge! O segundo, eu citaria o nosso flautista “zevang”. O cara tem uma cultura geral admirável (bobo de quem não sabe aproveitar disto!). Tem também o João, talvez a pessoa com quem mais me identifico profissionalmente. O cara é super de boa, sempre na dele, mas que no final, entende paca do que faz (como diria Nietzsche “quem tiver ouvidos que ouça”)! A Alice, super introspectiva e amiga, a camilinha, a violista com o timbre mais encantador que conheço, o caduzinho, fuma pra caraca, mas fora isto, e o fato de sempre acordar de mal humor, esta sempre de boa! O pedrão, é o cara mais bem humorado que conheço (imita o Silvio Santos que é uma beleza!), O Ricardo, oboista pentelho paca, o carlão, o que dá os foras mais divertidos (ele literalmente acaba com a pessoa... hahahaha.), o Jorge, o meu eficiente e competente companheiro de estante, além do David, o inglês mais brasileiro que já conheci!
Como sempre dizia minha professora: “o maior dos talentos é o caráter”, e para mim, são estas as pessoas que mais demonstraram esta rara qualidade, e se tornaram, em meu ponto de vista, muito mais do que meros profissionais, mas grandes humanistas, que realizam com grande paixão o ofício das artes, não como um mero capricho, mas com uma responsabilidade social espantosa!
Companheiros a parte, no plano da viagem em si, me considero uma das pessoas de muita sorte, e poder estar participando deste projeto maravilhoso que é o“Sonora Brasil!
Plantei durante anos o desejo enorme de digerir toda a tradição clássica européia, e por ironia (ou não?), depois de viver cinco anos no leste europeu, em um universo completamente diverso à nossa cultura, numa língua estranha, numa visão de mundo estranha, e acima de tudo, numa maneira de enxergar a arte completamente diversa à nossa, percebi que, no final, conhecia muito mais a arte estrangeira do que a nossa própria arte – conhecia muito mais a cultura européia do que a nossa própria cultura. É certo que colhi os frutos de todos os esforços despedidos no passado, não estou “cuspindo no prato que comi”, mas para mim, o “Sonora Brasil” não é apenas uma oportunidade de mostrar o nosso trabalho em torno da obra de Villa-Lobos, mas em especial, de completar a lacuna que me faltava para conhecer realmente a rica e heterogenia “brasiliandade”.
Passados por quase todo o interior de Santa Catarina, e grande parte do Paraná, venho descobrindo a cada dia um Brasil muito diferente do qual tinha idéia. Não só na paisagem natural, nas belíssimas matas de Araucárias, como também na organização social de cada pequena e grande cidade destes dois estados.
Confesso que apesar de acostumado ao inverno do leste europeu (que às vezes beirava os -15º) passei um bocado com o frio do interior de Santa Catarina e do Paraná. Nunca imaginei que fosse algum dia usar o aquecimento nos quartos dos hotéis aqui no Brasil!
Nas pessoas, o que mais me surpreendeu mesmo foi o carisma, o interesse, e a cordialidade do público em cada concerto. Lotaram as salas em 95% das apresentações, e participaram, em cada uma delas, com muito entusiasmo.
Para mim foi muito gratificante esta participação ativa do e me fez repensar certos pontos que assolavam a minha memória até então!
Certa vez, ainda quando estudava fora, vi uma notícia que correra sobre o Brasil na Europa, e que me deixou um pouco chateado. O artigo discorria sobre um fato que ocorreu num concurso internacional
Enfim, espero que para o resto da turnê, para os dois meses que ainda nos restam pela frente, e ainda mais a longo prazo, para as gerações seguintes, o “Sonora Brasil” venha mudar o ponto de vista do público a cerca da música, assim como a nossa, músicos e artistas, a cerca da cultura brasileira em geral.
Abraço a todos
(PS: vou deixar uma frasezinha para os meus amigos búlgaros que também estão acompanhando o blog – ou melhor, tentando acompanhar! Eles não entendem nada de português, então só ficam olhando as fotos mesmo! hahahaha
Хайде мацка, реших да ти направя кумплимент и да пиша на булгарский!! Всичко добро за теб, надиавам се че ще се видим скоро! целувки)