segunda-feira, 14 de julho de 2008

Aqui estamos nós! Em Pernambuco!

Caruaru (PE)







(Leandro) Percorri algumas cidades do interior de Pernambuco há 10 anos, em duas ocasiões. A primeira lançando o CD “João Pernambuco O Poeta do Violão”, acompanhado de 'bambas' do choro radicados em Recife como o bandolinista e arranjador Marco Cesar, Bozó, violão de sete cordas, e Dalva Torres, grande cantora pernambucana. O espetáculo era uma homenagem aos 50 anos de morte do compositor e tinha como repertório suas composições mais conhecidas como “Luar do Sertão”, “Cabôca de Caxangá”, “Sons de Carrilhões” e “Graúna”. Depois, percorri o mesmo circuito com o grande “Quinteto de Cordas da Paraíba”, formado por mestres do instrumento: Yerko Tabilo e Ronedilk Dantas, violino, Samuel Espinoza, viola, Nelson Campos, violoncelo, e Xisto Medeiros, contrabaixo. Nesta vez, nosso repertório eram as composições inéditas de João Pernambuco, arranjadas por compositores que tornaram-se notórios na época do ‘Movimento Armorial’, como Jarbas Maciel e Clóvis Pereira, por ocasião do segundo CD que gravei com as obras de João Pernambuco ("Descobrindo João Pernambuco").

Algumas as cidades que visitamos estão incluídas no roteiro do Sonora Brasil da Orquestra do Estado de Mato Grosso. Ontem nos apresentamos em Caruaru, no mesmo teatro do Sesc. Foi uma sensação estranha. Pensei que não voltaría mais para estas ‘bandas’ ... Mas eis que ... deparamo-nos com uma grande platéia, que lotava o teatro na noite de domingo, para ouvir composições do mestre Villa-Lobos, mais uma vez, por ocasião das homenagens a seus 50 anos de morte. O concerto aconteceu num clima leve, de muita descontração. O público reagiu sempre com entusiasmo e vibração. A TV Globo Caruaru estava presente e registrou todo o concerto para uma matéria especial. Os dois grandes jornais da cidade também deram amplo espaço de divulgação com ótimas matérias jornalísticas. Obrigado a todos pelo apoio e parabéns ao Sesc Caruaru pelo ótimo trabalho realizado.

Hoje de manhã, seguimos para Belo Jardim (PE).

Surubim (PE)

(Leandro) Acabamos de fazer um concerto em Surubim, cidade a 130 km do Recife, agreste pernambucano. A cidade é conhecida como a capital da vaquejada e terra natal de duas figuras históricas da cultura brasileira: Abelardo Barbosa, o “Chacrinha”, e o grande Capiba, compositor genial de frevos, maracatus e muita música de concerto (como a ‘Grande Missa Armorial’ e ‘Terra sem Lei’). Pela primeira vez no Sonora, fizemos um concerto no Hotel onde nos hospedamos. Muito interessante ... ao sair do quarto, me deparei com o público subindo as escadas para o salão do último andar do edifício. Que susto! Por outro lado, após terminar o concerto, bastou descer as escadas e ir direto para cama! Na verdade, o salão do Hotel é o melhor do local da cidade para espetáculos desta natureza e vem sendo amplamente utilizado pelo Sesc Surubim. Isso, até que uma unidade do Sesc seja construída na cidade ...

O público recebeu a Orquestra com muito carinho. Fomos honrados com a presença da viúva de Capiba, Zezita Barbosa, e várias autoridades locais. Conversei muito com o ex-prefeito da cidade que me disse que a ‘Sinfônica do Recife’ foi a última orquestra a se apresentar na cidade (há trinta anos)! Dava para sentir a fome de música dos cidadãos que foram prestigiar a Orquestra do Estado de Mato Grosso. Terra de tantos filhos ilustres e com uma rica tradição em música para banda (ambiente que gerou um compositor da envergadura de Capiba), Surubim merece maior atenção dos poderes públicos e privados tanto para a preservação de sua memória (não existe ainda um ‘Museu Capiba’ ou algo semelhante que possa presevar sua memória), como para o fomento de novos talentos.

Obrigado Avaci e toda Equipe do Sesc Surubim. Parabéns pelo trabalho realizado.

Surubim (PE) - Concerto no Hotel Cristal























Leandro Carvalho e Zezita Barbosa (viúva de Capiba)



Após o concerto, com amigos de Surubim.

A novidade, a arte, e a fórmula do sucesso...



(Fernando)No atual mundo empresarial de concorrência, de competitividade crescente, muito se diz sobre a importância da originalidade e da criatividade em torno dos diferentes processos da fabricação de um produto de sucesso, porém de toda a literatura e work shops sobre o assunto, poucos ousam determinar o verdadeiro significado destes termos!

Talvez pela natureza de nossa maneira de pensar, parece que tudo se torna muito distante quando nos colocamos na difícil missão de encarar o sucesso. O que é relativamente simples acaba por tornar-se sobre humano, um dom inato fruto de uma concepção quase mítica em torno de coisas e pessoas caricaturadas como gênios, e assim, aquilo que se produz dia após dia, transfigura-se em idealização e conseqüente renúncia ao trabalho e a construção.

Como dizia um professor meu de filosofia: “a crítica não nos traz uma nova verdade, ela nos ensina a pensar de outra maneira”, e partindo deste principio, atrevo a dizer que no mundo não existem coisas e idéias novas, tudo é uma questão de observar, e aproveitar o mesmo objeto de maneiras distintas. A lógica é quase a mesma da famosa máxima “a beleza esta nos olhos de quem vê”, ou seja, os objetos estão sempre ali dispostos para quem quiser ou não aproveitá-los, e a novidade em torno deles, esta na simples disposição do sujeito em direcioná-los para esta ou aquela finalidade!

Não retiro a grandiosidade do “novo” e do “genial”, apenas os coloco, com os pés no chão, ao nosso alcance. As maravilhas da atualidade podem parecer fenomenais, mas longe de serem “achados da humanidade”, são, na verdade, resultado de um longo processo histórico. Grandes homens tais como, Newton, Bach, Einstein, Nietzsche, e para citar entre os brasileiros, Villa-Lobos, não possuíam capacidades “doadas pela divindade”, mas sim uma incrível capacidade de síntese! Se eu pudesse generalizar uma fórmula para o genial, e conseqüentemente para o sucesso, esta seria a fusão de três elementos: paixão, tradição e paciência!

Nada se faz sem paixão – ela é o quesito fundamental para qualquer espírito. É a força motriz que direciona o estado de ânimo necessário para qualquer criação, afinal, sem motivo não há causa! A tradição é a ferramenta retirada da antiguidade, a herança cultural transmitida e necessária para o dialogo entre os olhares de outrora e da contemporaneidade. Já a paciência, é a calma, a “perseverança tranqüila” daquilo que tardará a acontecer.

Recolocando os termos, no mundo da competição, vence sim, não mais o original, mas aquele que possui o intelecto suficientemente ajustado à síntese!

Indo do ramo empresarial à produção artística, o objeto não muda de foco! Como dizia Carl Flesh, grande violinista e pedagogo alemão que viveu no começo do século XX, o artista tem que ser flexível o suficiente para se ajustar às mudanças de paradigmas presente em sua realidade.
Na era do capital, a arte que busca o sucesso deve ser considerada como um produto cultural, um bem passível de consumo, caso contrário padecerá no esquecimento. Quando digo passível de consumo, não o digo a “qualquer preço”, ao modelo de produções ínfimas como a “dança do créu”, mas sim, dentro de uma proposta de engrandecimento social, de educação e cultivo do senso crítico.

O sucesso na arte, tal como no mundo corporativo, também se constrói, e citando um exemplo a ser seguido, ressaltaria o estado da Paraíba na incrível formação de sua orquestra em 1945, assim como a recente fundação do espaço “Estação cultura, ciência e artes”. Lá, o sucesso dos eventos musicais são frutos do trabalho de anos, e de uma visão a longo prazo da realidade, afinal, “há tempos de plantar e colher”. A concepção do resultado imediato, a curto prazo, nunca poderá cria nenhuma situação que tente ser duradoura.

Como dizia Einstein “o único lugar onde o sucesso vem antes que o trabalho é no dicionário”! Os objetos estão todos ao nosso olhar, só nos resta disposição. Estamos prontos? Então mãos à obra!

Recife (PE) - Gravação do CD Sonora Brasil / Heitor Villa-Lobos

Fotos de Ariadne "Barbosa" (Bravo!)







































Recepção especial em São Lourenço da Mata (PE)







Camarim especial.



Padre Pedro recebe a Orquestra em frente sua paróquia.