(Leandro) Em Macapá, estávamos próximos ao Oiapoque e à fronteira com a Guiana Francesa. Ali, vivemos uma experiência especial que pode servir de exemplo após tantas reflexões a respeito de logística e gestão. O primeiro sintoma do êxito da passagem da Orquestra pelo Estado pôde logo sentir-se ao conhecermos o técnico Bebeto e sua equipe, todos claramente envolvidos com a produção do Sonora Brasil. A comunicação local foi excepcional: demos entrevistas para 6 rádios locais (com abrangência intermunicipal), para 5 televisões (TV Globo, SBT, Record, Rede TV e Amazon Sat) e fomos matérias de destaque de todos os jornais do Estado. A cidade estava mobilizada em torno do concerto. O local escolhido não poderia ser melhor, o belo Teatro das Bacabeiras, no centro da cidade, com entrada franca. Aspectos técnicos totalmente solucionados, ou seja, tudo certo com os praticáveis para os sopros, cadeiras, banco do contrabaixo e iluminação. Chegamos com antecedência ao teatro, todos os instrumentos já estavam disponíveis, nos preparamos com calma e aguardamos ansiosos a chegada do público.
Mais de 700 pessoas lotaram o Teatro para uma noite inesquecível. Público caloroso e ansioso por boa música. A informação é que seríamos praticamente a primeira Orquestra a se apresentar ali (ninguém se lembrava de outra, salvo uma orquestra alemã não identificada que o técnico do teatro disse ter passado por ali há muitos anos). A Orquestra se contaminou desta energia e tocou pra valer! Depois do concerto, o público ‘inavadiu’ o palco, a nosso convite, para conhecer mais de perto os músicos e seus instrumentos. Várias TVs também registravam o concerto e pediram entrevistas para todos nós após o término da apresentação. Ouvimos comentários maravilhosos de pessoas extremamente carinhosas que mostravam-se muito emocionadas com a música que tinham acabado de ouvir.
Nada mais a dizer, a não ser elogiar o trabalho do Sesc Amapá e de todas as pessoas envolvidas. Parabéns a todos e obrigado pelos momentos especiais que vivemos. Espero muito, um dia, retornar ao Amapá!
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Fortaleza de São José - Macapá (AP)
“A Fortaleza de São José de Macapá localiza-se numa ponta de terra à margem esquerda do rio Amazonas, na antiga Província dos Tucujus, atual cidade de Macapá, no Estado do Amapá. A sua construção empregou, além de oficiais e soldados, canteiros, artífices e operários negros e indígenas. Eram pagos 140 réis diários aos negros contra apenas quarenta réis para os índios. A inauguração da fortaleza aconteceu em 1782”.
Foto-protesto
Os pobres do hemisfério sul imploram pelo fim dos subsídios agrícolas dados pelos governos dos países ricos aos produtores.
Casa Brasil e Cultura Viva
(Leandro) Nesta noite de terça-feira, conheci o Jojoca, sociólogo de formação com atuações em diversos setores do poder público, que hoje administra a ‘Casa Brasil – Conhecimento e Cidadania’. O projeto é uma iniciativa do Governo Federal, através do Ministério de Ciência e Tecnologia e CNPQ, em parceria com as prefeituras. Para a implantação de uma unidade da Casa Brasil em Santana, foi reformada uma ampla estrutura pública para adequá-la ao projeto que prevê o funcionamento de uma biblioteca, salas de aula, salas para computadores conectados à internet, auditório e palco aberto. Isso foi feito em 2004 e desde então o projeto funciona ‘de verdade’ e oferece cursos profissionalizantes e atividades culturais ‘formadoras’ para a população. Tudo sempre ‘de graça’. É interessante como funciona o projeto do ponto de vista gestacional: o prefeito recebe recursos do CNPQ em sua conta ‘Pessoas Física’ e os executa como se fora um pesquisador credenciado. São R$ 60.000,00 por ano para serem investidos nas atividades da Casa Brasil. A prestação de contas é apresentada em nome do próprio prefeito que se assegura que os recursos são empregados com lisura para não comprometer seu nome. No caso de Santana, a Casa Brasil tem ainda recursos assegurados dentro do orçamento público do município, conferindo-lhe um plano de sustentabilidade que permite ações educacionais transformadoras.
Este é um ponto importante a ser ressaltado, que pode servir como ‘lição de sustentabilidade’ a outros projetos, especialmente o programa ‘Cultura Viva’ do MINC. Uma das falhas graves deste programa é a falta de sustentabilidade conferida aos ‘Pontos de Cultura’. A maioria destes ‘pontos’ recebeu um recurso inicial de R$ 150.000,00 para a implantação de atividades inovadoras e com grande potencial de geração de emprego (como cursos profissionalizantes para técnicos de áudio, vídeo, operadores de som, editores de vídeo e outras profissões relacionadas à cadeia produtiva da cultura) suficiente para dois anos e meio de trabalho. Estes ‘pontos’ selecionados também receberam equipamentos de áudio e vídeo no inicio do projeto.
Depois de executado o contrato entre estas associações, e contas prestadas, não se teve mais nenhuma informação do Ministério a respeito da continuidade desta parceria entre Governo Federal e Terceiro Setor. Muitos jovens que viram no programa uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional tiveram que ser ‘dispensados’ pela interrupção dos cursos. No entanto, o MINC continuou o processo de seleção de novos pontos, ampliando para alguns milhares o total participante, e sempre contabilizando os primeiros ‘pontos’ selecionados que hoje lutam para não desaparecer.
Os números podem impressionar, mas seria melhor dar continuidade ao apoio inicial, fortalecendo as instituições e permitindo-as a concluírem um processo educacional iniciado com uma parcela carente da população e prematuramente interrompido. O Ministro Gil tem mais dois anos e meio pela frente. Espero que ele, juntamente com seu Secretário Célio Turino, possa dar um direcionamento mais adequado a um dos melhores e mais sensatos projetos públicos para a área cultural já implantado no Brasil. O Cultura Viva pode ser o mais importante legado do Ministro e do Presidente Lula. Basta a revisão da execução das idéias iniciais e espírito público dos seus gestores para suportar as pressões políticas. É melhor fazer pouco e bem feito do que ceder aos números. Ao final do mandato, apresentar um relatório bonito, cheios de ‘zeros’, poderá impressionar, mas não fará nenhum bem ao Brasil.
Este é um ponto importante a ser ressaltado, que pode servir como ‘lição de sustentabilidade’ a outros projetos, especialmente o programa ‘Cultura Viva’ do MINC. Uma das falhas graves deste programa é a falta de sustentabilidade conferida aos ‘Pontos de Cultura’. A maioria destes ‘pontos’ recebeu um recurso inicial de R$ 150.000,00 para a implantação de atividades inovadoras e com grande potencial de geração de emprego (como cursos profissionalizantes para técnicos de áudio, vídeo, operadores de som, editores de vídeo e outras profissões relacionadas à cadeia produtiva da cultura) suficiente para dois anos e meio de trabalho. Estes ‘pontos’ selecionados também receberam equipamentos de áudio e vídeo no inicio do projeto.
Depois de executado o contrato entre estas associações, e contas prestadas, não se teve mais nenhuma informação do Ministério a respeito da continuidade desta parceria entre Governo Federal e Terceiro Setor. Muitos jovens que viram no programa uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional tiveram que ser ‘dispensados’ pela interrupção dos cursos. No entanto, o MINC continuou o processo de seleção de novos pontos, ampliando para alguns milhares o total participante, e sempre contabilizando os primeiros ‘pontos’ selecionados que hoje lutam para não desaparecer.
Os números podem impressionar, mas seria melhor dar continuidade ao apoio inicial, fortalecendo as instituições e permitindo-as a concluírem um processo educacional iniciado com uma parcela carente da população e prematuramente interrompido. O Ministro Gil tem mais dois anos e meio pela frente. Espero que ele, juntamente com seu Secretário Célio Turino, possa dar um direcionamento mais adequado a um dos melhores e mais sensatos projetos públicos para a área cultural já implantado no Brasil. O Cultura Viva pode ser o mais importante legado do Ministro e do Presidente Lula. Basta a revisão da execução das idéias iniciais e espírito público dos seus gestores para suportar as pressões políticas. É melhor fazer pouco e bem feito do que ceder aos números. Ao final do mandato, apresentar um relatório bonito, cheios de ‘zeros’, poderá impressionar, mas não fará nenhum bem ao Brasil.
Santana (AP)
(Leandro) Santana é um município do interior do Amapá. A cidade carece de infra-estrutura básica e sua população tem pouco acesso ao conhecimento e a educação. O acesso a bens culturais também é extremamente limitado. Algumas pessoas, ou melhor, alguns heróis vêm trabalhando para reverter este quadro, a maioria ligada aos poderes públicos e ao terceiro setor.
Foi a primeira vez que uma orquestra se apresentou no município de Santana. Em parceria com a Casa Brasil, optamos por fazer o concerto no salão principal, apesar do calor e da acústica precária. O público foi chegando, tímido, com um kilo de alimento na mão. Pessoas muito simples que lançaram-se nesta ‘aventura’ de sair de casa e ir a Casa Brasil assistir uma orquestra.
Pouco antes do início, pedimos para que as luzes especialmene colocadas para a ocasião fossem desligadas. O calor estava causticante. As cordas cedendo, os arcos sem pressão e atrito, os sopros com a afinação subindo. Vencido este problema, fomos apresentados ao público de Santana pelo Bebeto, técnico do Sesc, que conquistou todos nós com suas idéias e empenho sem limites para fazer as coisas darem certo. Comecei apresentando os instrumentos musicais e busquei fazer um concerto mais ‘didático’. Falei muito sobre Villa-Lobos, sua vida, seu pensamento e porque era importante ouvir sempre sua obra. As pessoas adoraram sua música e ficaram emocionadas. Valeu a pena.
Quando o concerto terminou, o Alex me confidenciou que ficava mais emocionado e achava mais importante fazer um concerto em Santana, naquelas condições, do que numa grande sala de concerto numa metrópole qualquer. Acho que foi este o sentimento que predominou no grupo. Vivemos a ‘democratização’ da cultura diariamente. Levar música de concerto para os extremos do país é dificil, muito mais do que fazer um concerto na sala ‘mais importante do mundo’. Acreditem. Os obstáculos internos, de cada um de nós, são os mais ‘altos’. É preciso vencer preconceitos e acreditar muito no Brasil para que todo este esforço não seja em vão. É um exercício diário de altruísmo e desprendimento. Uma grande lição que levaremos para toda a vida.
Foi a primeira vez que uma orquestra se apresentou no município de Santana. Em parceria com a Casa Brasil, optamos por fazer o concerto no salão principal, apesar do calor e da acústica precária. O público foi chegando, tímido, com um kilo de alimento na mão. Pessoas muito simples que lançaram-se nesta ‘aventura’ de sair de casa e ir a Casa Brasil assistir uma orquestra.
Pouco antes do início, pedimos para que as luzes especialmene colocadas para a ocasião fossem desligadas. O calor estava causticante. As cordas cedendo, os arcos sem pressão e atrito, os sopros com a afinação subindo. Vencido este problema, fomos apresentados ao público de Santana pelo Bebeto, técnico do Sesc, que conquistou todos nós com suas idéias e empenho sem limites para fazer as coisas darem certo. Comecei apresentando os instrumentos musicais e busquei fazer um concerto mais ‘didático’. Falei muito sobre Villa-Lobos, sua vida, seu pensamento e porque era importante ouvir sempre sua obra. As pessoas adoraram sua música e ficaram emocionadas. Valeu a pena.
Quando o concerto terminou, o Alex me confidenciou que ficava mais emocionado e achava mais importante fazer um concerto em Santana, naquelas condições, do que numa grande sala de concerto numa metrópole qualquer. Acho que foi este o sentimento que predominou no grupo. Vivemos a ‘democratização’ da cultura diariamente. Levar música de concerto para os extremos do país é dificil, muito mais do que fazer um concerto na sala ‘mais importante do mundo’. Acreditem. Os obstáculos internos, de cada um de nós, são os mais ‘altos’. É preciso vencer preconceitos e acreditar muito no Brasil para que todo este esforço não seja em vão. É um exercício diário de altruísmo e desprendimento. Uma grande lição que levaremos para toda a vida.
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