(Leandro) Foz do Iguaçu é uma cidade interessante. Movida pelo turismo do Parque Nacional (Cataratas) e pela possibilidade de compras no Paraguai e Argentina, a cidade recebe pessoas de todo o mundo. Dos que residem lá, existe uma grande colônia de árabes e chineses. Pessoas que tem negócios em todo o Brasil e enxergam na cidade um ponto estratégico. No mais, a maior parte da população é flutuante. Engenheiros de Furnas e outras grandes empresas que deslocam-se temporiamente para a cidade e profissionais do poder judiciário que passam dois, três, no máximo quatro anos em Foz, por exemplo. Combinando-se a isso, empresários brasileiros que residem na cidade tem seus negócios no lado de lá do Rio Iguaçu e muitos prestadores de serviços que atuam na cidade, ao cair do sol atravessam a ponte e vão dormir no seu país de origem. O resultado é que são poucos os que se preocupam com a cidade e sua estrutura. Foz do Iguaçu não dispõe de um teatro, apesar de sua importância no cenário paranaense. Mesmo com o intenso fluxo turístico, após o maravilhoso passeio no Parque Nacional e as compras no Paraguai, pouco resta para o turista conhecer. A população local, segundo depoimentos dos próprios moradores, vê tudo isso com desolação. Sentem-se abandonados. Amigos que já residiram em cidades menores do Estado do Paraná, puderam experimentar uma vida cultural e social muito mais interessante e ativa que em Foz do Iguaçu. Creio que está na hora dos poderes municipal e estadual, além das outras forças produtivas e sociais, olharem para Foz do Iguaçu como uma cidade singular, de pessoas que precisam gozar dos direitos sociais e culturais que abundam em cidades vizinhas, de menor porte e recursos.
Sobre o concerto da Orquestra do Estado de Mato Grosso, encontramos uma situação bastante inusitada. A estrutura era inadequada para um concerto, ou mesmo para uma apresentação musical de qualquer natureza. Imaginávamos outra coisa tendo em vista a importância da cidade. Mais uma vez, o que nos motivou foi a presença de um público afetuoso e cheio de vontade de ‘cultura’. A unidade do Sesc há muito ‘briga’ por uma estrutura completa, com teatro e tudo o mais. A população não tem culpa que até hoje a cidade não dispõe de uma estrutura adequada. Como o espírito do ‘Sonora Brasil’ é justamente este, o de formar platéias e democratizar o acesso a bens culturais, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para oferecer um bom concerto para as pessoas, apesar das adversidades. Espero que esta experiência possa servir para mostrar claramente que existe uma grande demanda reprimida e que a cidade merece, com toda certeza, um teatro que possa receber orquestras e outros grupos musicais de todo o mundo.
quinta-feira, 29 de maio de 2008
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