domingo, 22 de junho de 2008

Reflexões

(Leandro) Tivemos pouco tempo em Porto Velho (especialmente os 6 integrantes da Orquestra que ficaram para trás) e as rápidas impressões da cidade não foram das melhores. Percebemos a cidade um pouco mal cuidada e desorganizada.

Enfim, mudando de assunto, faço uma breve reflexão aqui, com intuito de colocar em pauta um aspecto crucial para o bom desempenho do Sonora Brasil. Depois de mais de 50 concertos, em quase 15 estados, podemos fazer uma análise comparativa que pode lançar luzes a algumas questões.

Antes de tudo, gostaria de frisar mais uma vez que a Orquestra do Estado de Mato Grosso participa do projeto Sonora Brasil com o mesmo objetivo do Sesc Nacional e dos departamentos regionais. Não estamos apenas cumprindo agenda, prestando um serviço, e ponto. Muito pelo contrário, nossa missão neste Projeto se justifica apenas quando há público ouvinte. Lembremos que o subtítulo do Sonora Brasil é ‘formação de ouvintes musicais’. Isso diz tudo.

Estamos conhecendo profundamente o sistema operacional do Sesc. Cada regional tem suas características e o sucesso de nossos concertos, em cada estado, depende muito da equipe técnica e da ‘cultura’ de cada unidade, ou seja, do modus operandi local. Percebemos que cada lugar tem conceitos enraizados e que são dificeis de se quebrar. O modo de gestão do Sesc respeita isso, sabemos, dando liberdade para cada unidade gerir suas atividades da maneira que lhe aprouver.

No entanto, quando se trata de um projeto de abrangência nacional, alguns critérios poderíam ser estabelecidos para evitar erros. Observo aqui, particularmente, a cobrança de ingressos. Cada regional tem liberdade para definir se cobra ou não, e o valor. Ontem, em Porto Velho, foi cobrado R$ 15,00 por ingresso. Foi a valor mais alto de todo o Brasil até o momento. Não é preciso dizer que isso limita o acesso. Uma familia de 4 pessoas gastaria R$ 60,00. O valor arrecadado, ainda que o teatro estivesse lotado, representaria uma receita mínima, diante dos investimentos realizados, insuficiente para cobrir os gastos mais prosaicos. Nada contra a cobrança de ingresso, mas deslocar uma Orquestra e praticar um valor desta natureza, em minha opinião, desvirtua o objetivo do projeto, afastando ouvintes e fez de democratizar e dar acesso ao maior número possível de pessoas.

A minha sugestão aqui é que se unifique o critério ‘cobrança de ingresso’ para todas as regionais com entrada gratuita ou, no máximo, R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia). O ideal, para mim, seria oferecer entrada franca e ampla distribuição de ‘programas de concerto’ em formato profissional, grande e bonito, para as pessoas levarem para casa, com autógrafo dos músicos, lerem, relerem e guardarem com carinho.

Outro comentário. Quando chegamos em uma cidade quase podemos ‘sentir’ no ar se o concerto está bem divulgado ou não. Conversamos com as pessoas, andamos pela cidade e observamos a distribuição de cartazes e folhetos (quando há) em locais entratégicos. São 20 músicos fazendo isso! Lemos os jornais locais e assistimos televisão. Após algumas horas de ‘pequisa’ já podemos pressentir como será a noite. Por mais que alguns técnicos do Sesc digam que o evento foi ‘bem’ divulgado, isso não corresponde à realidade. Afinal, eles também não tem obrigações nesta área e, muitos deles, nem conhecimento específico e experiência para poder traçar uma boa estratégia de divulgação.

Esse é um ponto muito importante de todo o processo. Não é apenas uma questão de boa estrutura ou de uma ‘assessoria’ de comunicação à disposição do evento. É muito mais uma ‘atitude’, que pode fazer uma enorme diferença. Afinal, o investimento é muito grande para se levar uma Orquestra profissional para um concerto em Porto Velho (RO), por exemplo. Não só financeiro, mas pessoal e logístico. É um esforço enorme, que acontece raramente, que pode ser mal empregado se o trabalho de pré-produção não é feito com plenitude.

Todos nós da Orquestra temos nossas impressões confirmadas pelo público que comparece aos concertos. Ontem, por exemplo, não saiu nada nos jornais e na TV. Por que não? Até o momento já fomos matéria de capa dos maiores jornais de SC, PR, RS, ES, GO, MS, MT e TO. Por que nenhuma menção nos jornais de RO ao concerto da Orquestra. Muitas pessoas foram falar conosco depois do concerto para reclamar que conheciam dezenas de pessoas que adorariam estar ali! Mas não sabiam de nada .... O mesmo aqui em Rio Branco. Hoje é domingo e absolutamente nada nos jornais. Por que?

Estou fazendo estas obervações após o concerto de Porto Velho e pode parecer que foi um caso único. Não foi. Houve outros lugares em que esta situação aconteceu. Apenas sinto-me obrigado a tocar neste ponto, neste momento, para que os gestores que acompanham nossa turnê por este blog possam tirar algum proveito desta experiência, quer para o último mês de viagem da Orquestra do Estado de Mato Grosso, quer para as próximas edições do Sonora Brasil.

Não vou me aprofundar aqui em ‘como’ resolver este problema, mas fico à inteira disposição do Sesc Nacional para tratar desta questão. Insisto: pode-se criar uma metodologia eficiente para a ‘comunicação’ do Projeto como um todo, onde uma boa assessoria de imprensa seria parte fundamental para que bons resultados fossem alcançados.

PS: A viagem de Porto Velho à Rio Branco foi a mais ‘insana’ até o momento. Exitem duas opções: a primeira, um voô da Gol, direto, que dura 50 minutos. A segunda, um voô da TAM que vai a Brasília, faz conexão, e ‘volta’ para Rio Branco. Fomos pela segunda opção. Após uma espera de 5 horas em Brasília, pegamos a segunda parte do voô para Rio Branco. Quase chegando lá, fomos informados que o aeroporto estava fechado e que voltaríamos a Porto Velho! Hilário! 12 horas depois voltamos para o mesmo lugar. Uma viagem que poderia durar 50 minutos, durou 15 horas ... Fomos dormir, mais uma vez, às 4 da manhã. Não preciso dizer que, nesta altura do campeonato, o desgaste é total.

Para completar: o concerto é daqui a pouco, às 20:00 (horário local – 2 horas a menos que Brasília). À meia noite, deveremos estar no aeroporto para embarcar à 01:00da manhã. Chegaremos em Brasília às 05:00 da manhã, esperaremos até às 10:00 para embarcar para Macapá. Passaremos a noite no avião e, mais uma vez, no aeroporto de Brasília. Neste caso, não há outra opção. É o único voô disponível.

5 comentários:

Anônimo disse...

meu comentario : sem comentarios... tudo foi dito.

Anônimo disse...

Olá, sobre as reflexões achei muito válido, pois aqui em Rio Branco a divulgação da música com conteúdo, principalmente em tratar do grande compositor brasileiro Heitor Villa Lobos, é complicado, pois tudo é de boca em boca, pois alguém viu lá no sesc, e sai divulgando, o que as vezes não funciona.
P.S-Qualquer coisa meu email é maximocello@hotmail.com sou estudante de violoncello, e gostei muito da apresentação.

Anônimo disse...

então,como vcs viram e o que acontece aqui em Rondônia, especialmente em porto velho,como já não temos a cultura de musica nesse seguimento,so faltava o preço do ingresso que estavam cobrando,desse jeito cade o incentivo?gostaria de ter levado minha familia mas não foi possivel por causa do valor.abraçosss! pra todos e felicidades na turne.
roberto
porto velho(ro)

Anônimo disse...

Obrigado Roberto por seu comentário. Corrobora com as colocações feitas a respeito da cobrança de ingresso. Com a participação ativa da sociedade poderemos sempre aperfeiçoar os métodos e trabalhar mais 'afinados' com a sociedade.
Um abraço e venha sempre nos visitar neste Blog.
Leandro Carvalho

Anônimo disse...

estarei sempre.obrigado!
roberto(porto velho-ro)