Os Karipunas foram índios que viveram entre a parte norte da região centro oeste e norte do Brasil, entre os lugares onde foram registrados a presença de aglomerações Karipunas destacam-se o estado de Roraima, sul do Amazonas e norte de Mato Grosso. Estes índios eram prodigiosos na caça e na pesca; segundo os registros históricos, a chegada do ciclo da borracha no início do sec. XX e da ferrovia Madeira-Mamoré, podem ser apontados por grandes historiadores como o marco inicial de mortes e invasões ao território dos Karipunas, marcando assim com epidemias e grandes percas culturais a vida deste povo durante o sec. XX, hoje eles possuem sua própria Terra Indígena e procuram protegê-la das constantes invasões de madeireiros, caçadores, pescadores e posseiros. Os Karipunas ainda cultuam um ritual que se perpetua por muitas décadas, este ritual relaciona-se com o destino da alma do Karipunas após a morte, em um ritual eles incorporam um personagem “jesús” (purejapi’nã) como o espírito (anhãgá, que é um predador que ao devorar o coração do humano, consuma a sua passagem para o “céu” (ywagá). Este lugar segundo os Karipunas é onde vivem as almas e é quase igual à vida na terra, la eles podem usufruir da caça e da pesca, mas ali eles so tem acesso a arcos e flechas pois segundo os Karipunas por la nao existem espingardas. Ali também eles podem casar-se, mas não obedecem as regras de casamento: “lá no céu é igual aqui, mas estar por aqui é melhor” (palavras do índio Karipuna ''Aripã''). E foram estes índios místicos que inspiraram nosso grande Villa Lobos a compor o conjunto de peças místicas conhecidas como ''As três danças características africanas''(obras executadas pela OEMT durante a turnè), pois os Karipunas tiveram contato com os negros escravos que eram capturados pelos Portugueses na África, e 40% deles eram enviados para o Brasil para realizarem o trabaho forçado na era do açucar, e a cultura africana refletiu diretamente na cultura Karipuna, e segundo os historiadores durante a viajem que Villa Lobos fez pelo Brasil, colhendo canções, cantigas, melodias e rítmos para posteriormente inseri-los em suas obras, ele teve contato com esta tribo mística de índios que o serviu como fonte inspiradora.
Abaixo estão algumas fotos de índios da tribo Karipuna durante a primeira metade do sec. XX.
Postado por Luciano Pontes-Spalla . Orquestra do Estado de Mato Grosso
domingo, 13 de julho de 2008
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2 comentários:
Foram os negros trazidos da África e seus descendentes quem mais compreenderam a vivência ameríndia. Não os portugueses, ou holandeses, franceses. O Europeu tinha uma sede econômica insaciável. Já o africano, de uma formação social geralmente tribal, ritualizou-se irmanamente muito mais com o elemento nativo, o índio. Dos povos europeus que mais se harmonizaram com o novo continente tropical, os portugueses não pouparam por exemplo matas e animais do fogo para dar vez a cana-de-açúcar, produto dos mais valiosos em todo o planeta durante muito tempo. E é no Nordeste, do Maranhão ao recôncavo baiano que o negro e o índio reconhecem a lavoura, o campo, os bichos como parte de suas vidas. Do negro deve-se a preservação de muito saber ameríndio que honrou, que soube prestigiar e cultivar. Seja na agricultura, na religião, nos modos, nas crendices, na arte e claro... na música. Poderia ser diferente com os Karipuna? Desse encontro harmônico entre o negro e o índio saíu mesmo muita coisa boa que dispertou o coração de Vila - Lobos e de muita gente. E muito há o que retratar de mais de trezentos anos de esforços!! Desejo que a ída da Orquestra do Estado do Mato Grosso ao sertão Pernambucano, seja também um encontro com a alma que Villa Lobos viu e sentiu: o indígena e o africano, sob os olhos dos colonizadores, compartilharam suas culturas, seus ritos e fizeram algo novo na humanidade: o brasileirismo, a nova civilização nos trópicos.
Sucesso a todos!
Bravíssimo Walter!!! Seu comentário soma muito à pequena cronica que escrevi, voce como ninguem sabe que este assunto aqui discutido é muito amplo, e certamente eu teria que me aprofundar muito em pesquisas para realmente retratar essa uniao entre indios e negros. Mas espero que pelo menos o nossos queridos leitores consigam imaginar atrávés da minha pequena cronica e do seu rico comentário, a importancia destas junções entre os povos que que colonizaram o Brasil e os que ja estavam por aqui antes de 1500.. grande abraço a voce.. e Bravíssimo pelo comentario!!!!
Luciano Pontes-Spalla da Orquestra do Estado de Mato Grosso
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